METRÓPOLIS, A CRISE MUNDIAL DE 29 E A ASCENSÃO DO ...


SINOPSE:

Metrópolis, ano 2026. No futuro, a sociedade está dividida em dois grupos: os trabalhadores, que vivem debaixo de terra e trabalham em regime de escravidão e a classe dominante que vive na superfície. Esta poderosa cidade é governada por Joh Fredersen (Alfred Abel), um insensível capitalista cujo único filho, Freder (Gustav Fröhlich), leva uma vida idílica, desfrutando dos maravilhosos jardins na superfície. 

Freder ignora tudo acerca dessa colônia de forçados. Ele a descobrirá com indignção ao seguir uma bela moça. Maria, líder dos operários aos quais prega a resignação. 
Para fazer face a sua influência, que julga ser nefasta, o senhor de Metrópolis manda um cientista, Rotwag, fabricar um robô idêntico a Maria, destinado a manipular a multidão de trabalhadores conforme a sua vontade. Rotwang, entretanto, é um louco megalomaníaco que sonha arrasar a cidade e o “clone” que construiu conduziu a massa a revolta. 

À destruição total era iminente; no último momento Maria acompanhada de Freder conseguirá a reconciliação. Para ela a mão (operários) e a mente (patrão) deveriam ser mediados pelo coração (estado). O ato de Maria consagra uma aliança simbólica entre trabalho e capital.

UMA INTERPRETAÇÃO:

Metropolis é um filme de expressionista alemão de 1927 no gênero da ficção científica, dirigido por Fritz Lang. Produzido na Alemanha durante um período estável da República de Weimar, o filme é definido em uma distopia urbana futurista e faz uso deste contexto para explorar a crise social entre trabalhadores e proprietários no capitalismo. Foi produzido nos Estúdios Babelsberg por Universum Film A.G. (UFA). É o filme mudo mais caro já feito, custou aproximadamente 5 milhões Reichsmark.

Além de ser um exemplo pioneiro das possibilidades cinematográficas de ficção científica, é também um dos primeiros filmes catástrofe, como o motim de trabalhadores e a sabotagem das máquinas, colocar em perigo toda a cidade. Lang cria um sentimento de fúria crescente e niilismo que, de forma estranha, faz lembrar o que iria acontecer na Alemanha menos de 20 anos depois. Metropolis é uma fantástica visão futurista da luta de classes.

Metropolis é sem dúvida a primeira obra-prima da ficção em filme. Exerceu grande influência em filmes como Star Wars, The Matrix, Dr. Strangelove, Blade Runner e inúmeros outros.

Sigfried Kracauer, em seu De Caligari a Hitler: Uma História Psicológica do Cinema Alemão (1988), elegeu Metropolis como um dos filmes representativos do "período de estabilidade", no qual a "paralisada mente coletiva parecia falar durante o sono com uma clareza pouco comum". Ainda segundo ele, em Metropolis "o que é importante não é tanto o enredo, mas a preponderância de aspectos superficiais em seu desenvolvimento". Dessa forma, a provável (e definitiva) mensagem do filme estaria diluída ao longo de seu desenvolvimento, e não exclusivamente em seu desfecho, demasiado ambíguo.

Kracauer coloca Metropolis como o filme paradigmático da libertação da voz reprimida durante o dia que desperta durante o sonho. No caso ao que Kracauer chama, “a prostituta e a criança,” há que destacar as temáticas referentes aos desejos sobreporem-se à razão, o autoritarismo dos citadinos, sendo que o único exemplos é Metropolis, de Fritz Lang, pelo apreço que Hitler tinha pelo filme e ver a grandiloquência deste como exemplo para as obras de propaganda nazista.

Metropolis impressionou tanto o ditador que, quando ele chegou ao poder, solicitou ao Ministro Goebbels que abordasse Lang, convidando-o a fazer filmes para o partido nazista. Enquanto Thea Von Harbou, esposa de Lang e roteirista do filme, mergulhou no projeto, ele na mesma noite fugiu para Paris, onde chegou a produzir filmes de conteúdo antinazista. Posteriormente mudou-se para os Estados Unidos onde passou a viver.

No caso da análise de Metropolis, Kracauer volta a comparar como uma obra anterior à ascensão do Nacional-Socialismo e os ideais deste, neste caso compara o discurso de Maria, de que “o coração medeia entre a mão e o cérebro poderia ter sido utilizado por Goebbels. Ele também apelou ao coração, no interesse da propaganda totalitária,”  referindo-se ao discurso onde o Ministro de Hitler dizia que o “Poder baseado em armas poderá ser algo bom; no entanto, é melhor e mais gratificante conquistar o coração das pessoas e mantê-lo.”


OUTROS FILMES PARA COMPREENSÃO DO PERIODO:

Encouraçado Potemkin(1925), de Serguei Eisenstein
Em busca do Ouro (The Gold Rush), 1925 (EUA), Charles Chaplin
M, o vampiro de Düsseldorf, (M) Alemanha (1931), Fritz Lang
Nascimento de uma nação, Estados Unidos (1915), D. W. Griffith

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